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A lírica amorosa de Francisco Orban

Francisco Orban - Julho 2017
 


Jornada

Por ter a imensidão como jornada
mas não as mãos para abarcá-la
abstive-me de ser seu remador
no barco adernado dos acasos
Por ter a imensidão como empreitada
mas não os arreios para lhe dar
prumo
abstive-me de ser seu navegador
Agora sigo mudo
com uma velha mochila abarrotada de claridades do mundo

O poema de amor

Muitos poetas te amaram
mas eu te amei muito mais
porque estavas
no coração selvagem das estações
do mundo
e as amarras que nos apartavam
sob o teu olhar desatavam-se
e tudo era o nascimento
da encantação

Muitos outros te amaram
mas eu te amei com meu amor sereno
e pousei uma flor
na palma da tua mão
E plantei um beijo no teu sorriso
e tu cobriste de doçura com os teus gemidos
o que era o início do mundo

Muitos te amaram
mas só eu segui contigo o caminho das águas
quando meu amor louco ressoava
e fazia debandar os navios

Sol das esperanças
mar dos horizontes amarrotados de barcos
Aqui estou assolado pelas multidões de dias
e dos caminhos que encontrei pelo mundo

Ouça meu amor este poema
agora que o crepúsculo nos assedia
aceno para ti como sempre acenei

Francisco Orban é poeta, jornalista e mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Começou com os livros Sobrado das horas (Taurus-Timbre, 1990), prefaciado por Antonio Houaiss, e Cesto das canções com pássaros (Leviatã, 1994). Publicou em 2001 o livro Recomendações aos sonhadores, Prêmio Mar Absoluto – Cecília Meireles, concedido pela União Brasileira de Escritores. Dois anos depois, recebeu o Prêmio Walmir Ayala (UBE) por Estaleiros de vento (Ed. Orobó). Seguiu-se em 2004 a fábula infanto-juvenil O cavalinho de água, adotada pelo Programa Nacional do Livro Didático-SP. Seu penúltimo livro, Os anzóis da noite, foi lançado pela Ed. Booklink em 2006, ano em que Estaleiros de vento tornou-se um dos finalistas do Prêmio Jabuti. Lançou em dezembro de 2008 Terraço das estações. A Ed. Kazuá reuniu toda a obra com o título de No país dos estaleiros. Sua poesia tem sido elogiada, entre outros, por Geraldo Carneiro, Antonio Carlos Secchin, Alexei Bueno e André Seffrin.




Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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